História

HELIOGÁBALO O IMPERADOR

HELIOGÁBALO O IMPERADOR TRAVESTI
Heliogábalo, também conhecido como Elagábalo ou Marco Aurélio Antonino, em latim Marcus Aurelius Antoninus, nasceu no ano de 203 dC; foi imperador romano da dinastia Severa que reinou de 218 a 222, representado por um falo, sendo por esse nome conhecido normalmente.

Nascido com o nome, em latim, de Sextus Varius Avitus Bassianus, era sírio, filho de Júlia Soémia e de Sexto Vário Marcelo, um romano da classe equestre (ordo equester) mas foi mais tarde levado a Senador.

Durante a sua juventude, Heliogábalo serviu como sacerdote do deus El-Gabal na sua cidade natal, Homs ou Hims, antigamente chamada Emese, Emesa (em grego: ἡἜμεσα), ou La Chamelle durante as Cruzadas, é uma cidade a oeste da Síria e a capital do estado de Homs.

Encontra-se a 450m acima do nível do mar, e é localizada a 160km de Damasco e 190km de Aleppo. Localiza-se nas margens do rio Orontes. É o ponto de interligação entre as cidades do interior e a costa do Mar Mediterrânico.

Em 217, o imperador Caracala foi assassinado e substituído pelo seu prefeito do pretório, Marco Opélio Macrino. A tia materna de Caracala, Júlia Mesa, instigou com sucesso uma revolta entre a Terceira Legião para ter o seu neto mais velho, Heliogábalo, declarado imperador. Macrino foi derrotado no dia 8 de Junho de 218, na Batalha de Antioquia, depois da qual Heliogábalo, com apenas catorze anos de idade, ganhou o poder imperial e começou um reinado envolto em controvérsias.

Durante o seu reinado, Heliogábalo mostrou profundo desrespeito pelas tradições religiosas romanas e tabus sexuais. Casou-se cinco vezes e diz-se que se prostituía no palácio imperial. Heliogábalo substituiu Júpiter, rei dos deuses no Panteão Romano, com um outro deus, Deus Sol Invictus, e forçou membros importantes do governo de Roma a participarem em rituais que celebravam esta divindade, liderados por ele próprio.

A orientação sexual e identidade de género de Heliogábalo são fonte de muita controvérsia e debate. Heliogábalo casou e divorciou-se de cinco mulheres,  três das quais são conhecidas. A sua primeira esposa foi Júlia Cornélia Paula, a segunda foi a Vestal Júlia Aquila Severa, mas num ano, ele abandonou-a e casou com Annia Faustina, uma descendente de Marco Aurélio e a viúva de um homem que recentemente mandou executar.

Voltou para Severa no fim do ano, mas de acordo com Dião Cássio, historiador romano, a sua relação mais estável foi com o auriga da sua quadriga, um escravo louro da Cária chamado Hierocles, a quem Heliogábalo se referia como o seu marido.

A Historia Augusta diz que ele também se casou com um homem chamado Aurélio Zótico, um atleta de Esmirna, numa cerimónia pública em Roma. Dião Cássio diz-nos que Heliogábalo pintava os olhos, depilava o seu cabelo e usava perucas antes de se prostituir em tavernas e bordéis e até no palácio imperial, consta que mandou lhe retirassem o sexo:

“Finalmente, ele reservou um quarto no palácio e lá cometeu as suas indecências, sempre nu à porta do quarto, como fazem as prostitutas, e abanando a cortina pendurada em anéis de ouro, enquanto numa voz doce e comovente se oferecia aos que passavam.”

Herodiano comentou que Heliogábalo mimava a sua beleza natural ao usar demasiada maquilhagem. Foi descrito por ficar “encantado ao ser chamado a amante, a esposa, a rainha de Hierocles” e diz-se que ofereceu grandes somas de dinheiro ao médico que lhe pudesse transplantar genitais femininos. Subsequentemente, Heliogábalo tem sido frequentemente caracterizado por escritores modernos como um transexual, apesar de não ser adequado aplicar termos tão culturalmente específicos a alguém que viveu há quase dois mil anos.

Em 221, as excentricidades de Heliogábalo, particularmente a sua relação com Hierocles, enfurecia cada vez mais os soldados da poderosa guarda pretoriana.

Quando Júlia Mesa se apercebeu que o apoio popular do imperador estava a enfraquecer, rapidamente decidiu que Heliogábalo e a sua mãe, que tinha encorajado as práticas religiosas, tinham que ser obliterados.  Como alternativas, ela virou-se para a sua outra filha Júlia Avita Mamea e o filho desta, Severo Alexandre, o próximo imperador, com treze anos. Convencendo Heliogábalo a apontar o seu primo como herdeiro.

 A Alexandre foi dado o título de César e partilhou o consulado com o imperador nesse ano. Contudo, Heliogábalo reconsiderou quando começou a suspeitar que a Guarda Pretoriana favorecia o seu primo. Depois do falhanço de vários atentados à vida de Alexandre, Heliogábalo revogou-lhe o título de cônsul e fez circular a notícia de que Alexandre estava perto da morte para ver a reacção dos Pretorianos.

Ele tentou fugir, e teria escapado ao ser colocado numa arca, se não tivesse sido descoberto e assassinado, com a idade de 18 anos. A sua mãe, que o abraçou e se agarrou a ele fortemente, pereceu com ele; as suas cabeças foram cortadas e os seus corpos, depois de serem despidos, foram primeiro arrastados pela cidade, e depois o corpo da mãe foi abandonado, enquanto o dele foi atirado no rio.

A seguir à sua queda, muitos seguidores de Heliogábalo foram mortos ou depostos, incluindo Hierocles e Comazão. Os éditos religiosos de Heliogábalo foram revogados e El-Gabal foi devolvido a Emesa. As mulheres foram banidas de assistirem às reuniões no Senado, e damnatio memoriae (danação da memória):  apagar uma pessoa de toda a recordação pública, foi decretada.

 Fonte: Visão Periférica